A profusão de bons restaurantes em Paris apresenta um desafio e, ao mesmo tempo, a possibilidade de deliciosas aventuras gastronômicas. O que não falta na cidade são excelentes opções de almoço e jantar, para todos os gostos e bolsos.
Quem busca excelência culinária tem vários caminhos para encontrar uma boa mesa. Procurar pelo nome de um chefe famoso é um começo interessante. Tentar um endereço nobre também. Avaliar a cotação no Guide Michelin é igualmente útil. Tal qual tentar restaurantes que funcionem sob a chancela de um hotel de luxo. Esses são os meus caminhos favoritos.
Em visita à Paris, na primavera de 2019, me vi nessa busca. Para não errar, pesquisei usando todos os quesitos acima. Cheguei ao Le Camelia. Situado na rua Saint Honoré, no térreo do charmoso cinco-estrelas Mandarin Oriental, o Camelia é recomendado no Guide Michelin, e é capitaneado pelo Chef Thierry Marx.
Le Camelia preencheu todos os quesitos de busca. E me deixou ainda mais contente quando descobri que, diferente da maioria dos bons endereço gastronômicos de Paris, não fecha durante a tarde. O horário de funcionamento se extende por todo o dia, das 12h30 até as 23h, isso além do café, servido nas manhãs.
Quando estou em viagem de passeio gosto de variar a rotina e, de preferência, fugir dos horários convencionais. Assim, reservei uma mesa para as 17h30. Naquela tarde de maio, o tempo estava fresco e ensolarado. Meu dia havia começado cedo, com um farto café-da-manhã, que antecedeu várias horas de passeio pela cidade. Quando cheguei ao Mandarin Oriental estava com o apetite renovado.
Projetado por Patrick Jouin e Sanjit Manku, do Paris Jouin Manku Studio, o restaurante tem nome e decoração que se referem diretamente ao jardim de camélias que fica no pátio central do hotel. No interior, a sala de jantar é branca, com texturas nas paredes, que parecem grandes pétalas de flores. Os móveis também ecoam a forma suave das camélias e lembram o mestre finlandês, Alvar Aalto. Elegantemente atemporal e chic, o Camelia tem portas de vidro que abrem para os jardins internos. A minha opção foi sentar em uma mesa cercada de árvores floridas. Lindo!
O cardápio da tarde é mais enxuto do que o servido nos horários tradicionais de almoço e jantar. Mesmo assim, tinha opções suficientes para me deixar com água na boca só de ler. Tanto que decidi optar por duas entradas.
Comecei provando o fundo de alcachofra cozido no molho de cebolas, servido sob espuma de trufas. A preparação artesanal do molhos permitiu que os sabores complementassem o prato, sem esconder o paladar da alcachofra super fresca. Uma delícia, perfeita para ser degustada com um Chablis Premier Cru Montmains 2017, escolhido pelo sommelier.
Depois, pedi “meia porção” do tagliatelle caseiro, com creme de mozzarella, pesto vermelho e tomates cereja caramelizados. Acho que concordar em servir (e cobrar) apenas “meia porção” fora apenas um ato de gentileza. Isso porque o prato veio cheio. A massa estava levemente cozida, com textura all-dente e o molho abundante e delicioso: exatamente como eu gosto. Foi difícil resistir a tentação de comer o prato todo. Resistir por que?
Como prato principal, optei pelo filet de vitelo grelhado, com cenouras, folhas de alga secas e molho ponzu. Essa receita tradicional japonesa feita a base de limão combinou perfeitamente com a carne, que estava tenra e macia, e harmonizou lindamente com o Crozes Hermitage Des Hauts Chássis, também 2017, tal qual o vinho branco de antes.
Mesmo determinado a terminar a refeição por ali, fui pego de surpresa na saída. Ao passar em frente à Cake Shop que funciona anexa ao Camelia fiquei fascinado com a beleza das patisseries, bolos e bom-bons na vitrine. Pedi um tradicional Le Saint-Honoré, e fechei com chave de ouro uma aventura gastronomia fantástica e inesquecível.
Parabéns Chef Thierry Marx!!
O Chefe
Thierry Marx nasceu e foi criado em Paris, na área de Ménilmontant. Ele conta que pensou em se tornar padeiro, mas depois juntou-se à Compagnons du Devoir, em 1978 e formou-se confeiteiro, chocolatier e sorveteiro. Aos 18 anos, juntou-se ao exército como pára-quedista nos fuzileiros navais e serviu na Guerra Civil Libanesa. No retorno à França, passou por vários trabalhos, incluindo segurança, transportador de dinheiro e um almoxarife, mas finalmente voltou a cozinhar. Em 1988, recebeu a primeira estrela do Guia Michelin, para o restaurante Roc en Val, em Tours. Depois ganhou outras para o Cheval Blanc, em Nîmes; o Cordeillan -Bages, em Pauillac, e finalmente duas estrelas pelo Restaurante Sur-mesure, também localizado no Mandarin Oriental, Paris.
Enviado por: Administrador
Data de publicação: 28/02/2020 - 14:27
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